As lãs portuguesas de norte a sul

 

Estes são apenas alguns dos embrulhos que têm chegado a Serralves, de todo o país, com as lãs de todas as nossas raças autóctones.
Desde final de Abril que andamos a fazer contactos com associações e produtores para conseguirmos ter este material todo reunido e dar início ao que, a par do desenvolvimento dos ciclos de três fibras têxteis, também propus que fosse feito neste ano de 2015, a propósito do Saber Fazer em Serralves: uma publicação que se dedicasse a analisar e comparar as lãs produzidas pelas nossas raças autóctones.

Os velos que recebemos destinam-se a ser parcialmente processados para produzirmos as amostras que vão dar origem a este livro, que deve ficar disponível pelo final deste ano.
O objectivo é tão simples como este: produzir um documento que permita a alguém que trabalhe a lã numa escala mais pequena, ou que tenha um simples interesse pelo tema, conhecer as características básicas da produção lanar das nossas raças nacionais.
Estamos a falar de aliar dados mais técnicos, como o rendimento lanar, a espessura e comprimento médios das fibras produzidas pela raça, que geralmente já existem fruto de estudos zootécnicos, a questões ligadas ao processamento têxtil em pequena escala que, em Portugal, nunca são abordadas com o rigor que merecem. Por exemplo, perceber quais são as características naturais da lã que encontramos em cada raça, as variações que existem, o tipo de preparação mais adequado para essa fibra, ou que resultados obtemos quando as utilizamos para diferentes fins.
Um documento que, raça a raça, nos diga claramente o que temos por cá e que nos dê uma ideia do seu potencial.

Admito que estou bastante contente por termos conseguido reunir todas as lãs nacionais num só local, e também por ter a oportunidade de as conhecer em primeira mão, juntamente com as pessoas a quem pedi para me ajudar na tarefa de produzir a informação para este caderno.

Quando falo sobre este trabalho com alguém que esteja interessado no tema, recebo imediatamente a seguinte pergunta: "Mas então quantas raças autóctones temos?".
A resposta é: dezasseis, que são as seguintes, para quem desse lado tem a mesma dúvida:

- Bordaleira de Entre Douro e Minho (Minho);
- Campaniça (Baixo Alentejo e Algarve);
- Churra Algarvia (Algarve);
- Churra Badana (Trás-os-Montes - Terra Quente);
- Churra da Terra Quente (Trás-os-Montes / Terra Quente);
- Churra do Campo (Raia da Beira Baixa);
- Churra do Minho (Minho);
- Churra Galega Mirandesa (Trás-os-Montes / Planalto Mirandês);
- Churra Galega Bragançana Branca (Trás-os-Montes / Terra Fria Transmontana);
- Churra Galega Bragançana Preta* (Trás-os-Montes / Terra Fria Transmontana);
- Merino da Beira Baixa (Beira Baixa);
- Merina Branca (da Estremadura ao Algarve);
- Merina Preta (Beira Interior e Alentejo);
- Mondegueira (Norte do Alto Mondego) ;
- Saloia (Zona rústica de Lisboa, Setúbal);
- Serra da Estrela (zona da bacia do rio Mondego);

*declarada oficialmente em Julho de 2015;

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[Este post refere-se à investigação e actividades desenvolvidas no âmbito do programa Saber Fazer em Serralves ]

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