Limpar. Alimentar. Repetir.
[20.04.2015 - cerca de uma semana após a eclosão dos ovos de bicho-da-seda] / [20.04.2015 - about a week after the silkworm eggs hatched]
Durante as semanas de crescimento entre a eclosão dos ovos e o início da fase de encasulamento, a manutenção das lagartas resume-se praticamente a limpar as instalações das bichinhas, alimentá-las, e voltar a repetir o processo enquanto as vemos crescer.
Ao contrário de metade da população deste país, eu nunca tive lagartas do bicho-da-seda numa caixa de sapatos quando era miúda, por isso é a primeira vez que estou a acompanhar o crescimento delas e a aprender à medida que o faço.
Nasceram no berçário que existe no borboletário em Serralves, que tem uma forma estilo aquário, mas que para a manutenção das lagartas, mesmo nesta fase inicial, não é nada prático - demasiado estreito e fundo.
Passei-as para um tabuleiro largo, forrado com papel que é deitado fora juntamente com os dejectos (aquelas bolinhas negras) a cada limpeza. Também retiro as folhas velhas, passando alguma lagarta que tenha ficado para trás para as folhas novas. Como nesta fase são muito pequenas - nem 1 centímetro têm - pego nas que ficam para trás com a ajuda de uma folha.
Do que li sobre esta fase do crescimento das lagartas e respectiva manutenção, a higiene é chave.
Basicamente, acumulação de dejectos com folhas velhas é igual a potenciais doenças - isto pode intensificar-se se o ambiente estiver húmido. E tirando casos pontuais de lagartas menos saudáveis que vão ficando para trás, se a doença se instala, é para afectar uma grande quantidade delas.
Quando se tem meia dúzia de lagartas numa caixa, esta questão não é tão importante: de vez em quando faz-se uma limpeza e não surgem problemas - é por isso que o bicho-da-seda é tão apreciado como animal de estimação. Mas quando se faz criação de alguns milhares, a escala é outra e os cuidados a ter também.
Aqui não temos milhares, apenas centenas, mas as imagens que já vi de lagartas doentes foram suficientes para me deixar alerta e tentar garantir que os tabuleiros estejam sempre bem limpos e secos.
Pela mesma razão, é importante ter as mãos limpas antes de tratar das lagartas e, obviamente, lavá-las depois.
Nesta fase, ainda de tamanho reduzido, alimentamos as lagartas uma vez por dia com folhas colhidas das amoreiras na hora. É importante garantir que as folhas estão frescas, mas sem humidade à superfície (gotas de orvalho, chuva, etc).
Não convém que as lagartas passem dias sem comer, por isso, durante o fim-de-semana, a Carlota deixa um lote de folhas no frigorífico para que quem lá esteja nessa altura possa alimentá-las.
Guardar as folhas frescas no frigorífico durante uns dias é uma boa solução também para quem faz criação e não tem amoreiras sempre à mão.
[20.04.2015 / Criação do Bicho-da-Seda para o Saber Fazer em Serralves ]

