Pentear Lã em Trás-os-Montes

ti-paula-pente-la-mirandes-1.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-2.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-4.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-5.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-6.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-7.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-8.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-9.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-22.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-23.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-17.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-25.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-26.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-18.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-19.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-27.jpg
ti-paula-pente-la-mirandes-28.jpg
 

Já foi em Janeiro de 2019 que fiz estas imagens! Há mais de um ano! Este blog tem ficado completamente abandonado, apesar da abundância de material para o alimentar. Mea culpa, ou nem tanto, porque o trabalho tem aumentado e falta o tempo para comunicar.

Nesta altura, a Isabel Sá convidou-me para ir dar umas oficinas sobre Lãs Portuguesas e sobre o Trabalho da Lã em Vimioso. Em troca pedi-lhe para me levar a dar umas voltas por Miranda, mas mais especificamente para ir visitar alguém que usasse os famosos pentes Mirandeses para preparar Lã para fiar.

Contexto: em Portugal não é comum pentear-se lã, excepto em algumas zonas de Trás-os-Montes. O mais comum é prepararem-se as fibras para a fiação cardando-se apenas.
Em Miranda sempre houve uma forte tradição da utilização local da lã das Churras Mirandesas, que sendo de tipo churro, naturalmente tem fibras mais longas que pedem mais para ser penteadas do que apenas cardadas.
Como a penteação separa as fibras mais longas das mais curtas, a lógica é fazer a penteação para aproveitar as fibras mais longas para fios de primeira qualidade, os que se querem mais resistentes e/ou finos, e as fibras mais curtas podem ser cardadas para fios menos lustrosos, menos resistentes, menos regulares (para a trama na tecelagem, por exemplo).

Os pentes, esses, sei que existem um pouco por todo a região de Trás-os-Montes, mais especificamente onde houver lãs longas, porque tenho o testemunho de pessoas que têm pentes destes na família, e não só em Miranda. Por isso hesito em chamar-lhe pente mirandês. Prefiro pensar nele como um Pente Transmontano.

Coisas que chamam a atenção a quem penteia lã regularmente (mas com mini-pentes) são o tamanho e a agressividade dos da Ti Paula! Existem mais pequenos, mas é fora-de-série ver um par que foi criado para pentear à séria. Nada de brincadeiras.

A outra coisa, e a mais interessante para mim, é a universalidade da técnica de penteação que a Ti Paula emprega. É a mesma que eu uso (e não aprendi a pentear em Portugal), e é também a mesma que qualquer pessoa que penteia lã no mundo usa também, na maior parte dos casos.
Em Miranda do Douro ou no outro lado do mundo, penteia-se a lã essencialmente da mesma forma e uma coisa tão simples como esta faz-nos entender que apesar das diferenças culturais, o ser humano enfrenta os mesmos desafios e acaba por chegar às mesmas soluções.

É bonito.

Anterior
Anterior

Postal da época: Ruiva-dos-tintureiros

Próximo
Próximo

A pensar em Linho, até quando não vai haver linho