As 16 raças autóctones portuguesas de ovinos podem ser fundamentalmente agrupadas em três grandes grupos, que estão directamente relacionados com o tipo de lã que produzem: Churros, Bordaleiros ou Merinos. Conhecer as características básicas das lãs produzidas por estes três grupos é uma forma muito eficaz de se ter uma ideia genérica do que uma determinada raça produz, apesar das grandes variações que podem surgir por influência de diversos fatores.
A maior parte dos ovinos que por cá andam não estarão registados em Livro Genealógico (esta questão da raça e do seu significado é material para outro post), o que quer dizer que muitos ovinos não pertencem oficialmente a uma raça específica, mas a não ser que se trate de um animal de uma raça exótica, a lã que produz encaixar-se-á quase de certeza numa destas 3 tipologias.

 

CHURROS

Podemos encontrar ovinos de tipo Churro de Trás-os-Montes ao Algarve, principalmente no interior do país. É a este grupo que pertencem 9 das 16 raças de ovinos. Neste grupo encontramos as lãs mais longas, as mais espessas, as mais rebeldes e as mais desafiantes.
As lãs churras, além de relativamente longas e espessas, são pouco homogéneas: as suas madeixas são caracteristicamente formadas por fibras distintas misturadas, em diversos graus consoante a raça e até o animal em questão (se há coisa que temos no grupo Churro é variedade!). As fibras longas costumam ser mais grossas, lisas e baças. As mais curtas, que costumam estar localizadas na base da madeixa, já são um pouco mais finas, macias, gordurosas e com ondulações irregulares. Esta mistura dá origem a madeixas pontiagudas ou apinceladas que são típicas das lãs churras. 

 Fazem parte deste grupo as seguintes raças:

- Churra do Minho
- Churra Galega Mirandesa
- Churra Galega Bragançana Branca
- Churra Galega Bragançana Preta
- Churra Badana
- Churra da Terra Quente
- Churra Mondegueira
- Churra do Campo
- Churra Algarvia.

Algumas imagens de ovinos de tipo Churro:
 

 
Ovinos de raça Churra da Terra Quente, Churra Mondegueira "Marialveira" e Churra Galega Mirandesa. (Créditos fotográficos: Dinis Pereira, António Pina da Fonseca e ACOM, respectivamente) / Churra da Terra Quente, Churra Mondegueira and Churra Galega…

Alguns exemplos de madeixas de lã de tipo Churro:

Madeixas de lã de Churra Galega Mirandesa e Churra Mondegueira; / Wool locks from Churra Galega Mirandesa and Churra Mondegueira;

Madeixas de lã de Churra Galega Mirandesa e Churra Mondegueira.

Velo de Churra Galega Mirandesa; / Churra Galega Mirandesa fleece;

Velo de Churra Galega Mirandesa.

 

BORDALEIROS

Os ovinos de tipo Bordaleiro espalham-se de norte a sul do país, do Minho ao Baixo Alentejo. 
Embora com grandes variações, os ovinos deste grupo produzem lãs com características intermédias entre o tipo Churro e o tipo Merino.
As suas lãs são mais compridas e mais espessas que as de tipo Merino, apresentando ondulação mais ou menos visível, mas nunca um frisado apertado. E são mais finas e curtas que as de tipo Churro, com fibras mais homogéneas, já com alguma regularidade de comprimento dentro da mesma madeixa.

Fazem parte deste grupo as seguintes raças:

- Bordaleira de Entre-Douro-e-Minho
- Bordaleira da Serra da Estrela (muitas vezes referida apenas como “Bordaleira” ou “Serra da Estrela")
- Saloia
- Campaniça.

Algumas imagens de ovinos de tipo Bordaleiro:

Ovinos de raça Saloia, Campaniça, e Serra da Estrela. (Créditos fotográficos: ACRO, João Madeira e Ruralbit). / Saloia, Campaniça and Serra da Estrela, a few example of bordaleira type breeds.

Ovinos de raça Saloia, Campaniça, e Serra da Estrela. (Créditos fotográficos: ACRO, João Madeira e Ruralbit).

 


Alguns exemplos de madeixas de lã de tipo Bordaleiro:

Madeixa de lã Campaniça; / Wool lock from Campaniça;

Madeixa de lã Campaniça.

Velo de Bordaleira de Entre-Douro-e-Minho; / Bordaleira de Entre-Douro-e-Minho fleece;

Velo de Bordaleira de Entre-Douro-e-Minho.

 

MERINOS

Quando falamos em Merino não nos referimos a uma raça única de ovinos, mas sim um grupo que engloba várias raças com um antepassado em comum e que produzem um tipo de lã com características semelhantes. Dentro deste grupo, no mundo inteiro, encontramos dezenas de raças de tipo Merino que se foram afastando do seu antepassado em comum através da ação do Homem, que foi desenvolvendo cada uma dessas raças para se adaptar às suas necessidades mais específicas, sejam elas ambientais ou económicas.
Os ovinos de tipo Merino distinguem-se por produzirem uma lã de fibras excecionalmente finas, elásticas e homogéneas, com um frisado pequeno e bem pronunciado, mais curtas que as do tipo Bordaleiro. Embora o frisado seja uma característica distintiva deste grupo, é de notar que as raças existentes em Portugal, especialmente a Merina Preta, são consideradas relativamente rústicas, o que quer dizer que existem indivíduos de tipo merino que não apresentam um frisado apertado.
Em Portugal temos três dessas raças merino, concentradas maioritariamente no sul do país:

- Merina Branca
- Merina Preta
- Merina da Beira Baixa

Algumas imagens de ovinos de tipo Merino:

 
Ovinos de raça Merina da Beira Baixa, Merina Branca e Merina Preta. (Créditos fotográficos: Carlos Andrade, Carlos Bígares e Tiago Perloiro) / Merina da Beira Baixa, Merina Branca and Merina Preta are the three portuguese merino breeds.

Ovinos de raça Merina da Beira Baixa, Merina Branca e Merina Preta. (Créditos fotográficos: Carlos Andrade, Carlos Bígares e Tiago Perloiro).

Exemplos de madeixas de lã de tipo Merino:

Madeixas de lã Merina Branca; / Wool locks from the white merino breed (Merina Branca);

Madeixas de lã Merina Branca.

Velo de raça Merina Preta; Black merino fleece;

Velo de raça Merina Preta.

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