O nosso linho volta ao Banco Português de Germoplasma Vegetal
O excedente de semente de Linho Galego e Mourisco que entregamos ao Banco Português de Germoplasma Vegetal
Semente de Linho Galego de 2024, que foi devolvida ao Banco Português de Germoplasma Vegetal
Este ano assinalamos 10 anos desde que começamos a cultivar Linho Galego e a estudar sobre a produção e o processamento desta fibra extraordinária!
Em 2015, na busca de semente para iniciar os nossos trabalhos, na altura na quinta da Fundação de Serralves, foi através do Banco Nacional de Germoplasma Vegetal que a conseguimos obter. Inicialmente numa pequena quantidade, somente 500gr, mas suficiente para dar início a uma produção que já dura há mais de uma década.
O BPGV, o que faz desde 1977 e de forma muito simplificada, é "colher, conservar, avaliar, documentar e valorizar os recursos genéticos garantes do Sistema Nacional para a Conservação dos Recursos Genéticos". É um banco de sementes, e não só, que alberga neste momento 47.000 amostras de 150 espécies, que são não apenas conservadas, mas também multiplicadas no terreno de 8 hectares que é parte das instalações da instituição, em São Pedro de Merelim (Braga).
A cedência de sementes por parte do Banco faz-se, naturalmente, sob a condição do recetor se comprometer a conservar e propagar a variedade pedida. A semente que usamos foi colhida originalmente em Ponte de Lima e foi propagada pela última vez nos terrenos do BPGV em 2007, tendo ficado conservada na coleção ativa deles desde então.
A importância da conservação da biodiversidade genética é um dos quais pontos que temos mais dificuldades em ensinar. É um tema muito técnico, que requer profundidade para ser entendido, e que as pessoas sentem distante da sua realidade, apesar de ironicamente estarem rodeadas por ele. Esta aparente distância faz com que seja difícil interiorizar a importância de trabalhar com recursos genéticos locais, tal como as variedades regionais de linho que cultivamos ou as raças ovinas autóctones portuguesas com que trabalhamos, e obviamente, a excepcionalidade de instrumentos como o Banco Nacional de Germoplasma Vegetal.
Em Setembro passado fizemos uma breve visita para devolver quase 5 kg de semente de Linho Galego da nossa produção de 2024. Terminada a temporada de 2025 e recolhida a semente que iremos utilizar em 2026, o excedente de 2024 já não terá utilidade para nós e, por isso, a opção acertada é devolver esta semente ao Banco de Germoplasma, para que fique devidamente conservada, onde realmente existem condições para tal.
Entregamos também uma boa quantia de semente de Linho Mourisco, uma variedade regional de linho de inverno ainda mais rara que o Linho Galego, esta originalmente recolhida e cultivada pelo Jorge Pinheiro.
Por aqui, não temos condições de espaço nem refrigeração que nos permita conservar as nossas sementes por mais de 2 ou 3 anos. Por isso apenas podemos manter as sementes que cultivamos anualmente. Por outro lado, cumprimos o nosso papel de multiplicar a semente para que eventualmente esta possa estar disponível para outras pessoas que estejam a iniciar o seu caminho.
O Banco Nacional de Germoplasma Vegetal, localizado em Braga
Depois de entregue, a nossa semente passará por um criterioso processo de limpeza e armazenamento
A coleção ativa do BPGV
A coleção ativa do BPGV, a ser mostrada pela sua diretora, a Eng. Ana Maria Barata