Aprender a produzir Linho - o início

 

Foi linda, a manhã de sábado, com um grupo de mais de 20 pessoas interessantes e interessadas em aprender a produzir Linho.
Este dia marcou o início do curso de longa duração de produção de Linho que estou a coordenar e que se está a desenvolver graças ao apoio do Município de Vila Nova de Famalicão, através do Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave, bem como dos Serviços Educativos da Divisão de Educação e do Parque da Devesa.

Ter o curso esgotado em menos de 12h depois das inscrições abrirem foi uma grande surpresa e foi muito gratificante ouvir algumas pessoas dizerem que já tinham o sonho de fazer isto há muito.
Neste curso, mais do que aprender pela experiência de cultivar o nosso próprio linhal, trata-se de aprender com a experiência de quem já o faz (ou fez) há muitos anos. Aquelas pessoas que tanto sabem e que, infelizmente, por uma razão ou outra não passaram o seu conhecimento. Este curso vai ser uma espécie de viagem no final da qual espero que quem participou fique com as bases para continuar a aprender e a cultivar o seu próprio linho.

O nosso Linhal vai crescer nas Hortas Urbanas do Parque da Devesa, lado a lado com as culturas alimentares. Para mim, é muito importante que a produção de uma fibra têxtil como o Linho tenha uma presença equiparada ao que produzimos para consumo alimentar. Fazê-lo nas hortas urbanas, onde cada pessoa cultiva para seu próprio consumo, passa a mensagem certa.

O curso abriu com a sementeira, que foi a oportunidade perfeita para tirar o Eng. António Silva da sua reforma pacata para vir ensinar sobre aquilo que foi o seu trabalho durante décadas. Falamos do Linho, das variedades comerciais e regionais, das especificidades da planta e da sementeira, do que foi e do que é a produção de Linho em Portugal e muito mais.
A semente que utilizamos descende directamente da semente recolhida em Ponte de Lima para o BPGV pelo próprio Eng.Silva entre 1987 e 89. Ou seja, há 30 anos atrás ele recolheu a semente de Linho Galego que agora estamos a cultivar, o que, além de ser uma coisa bonita, mostra a importância deste tipo de trabalho.

Desta feita, e tendo o curso dado início já muito em cima da altura propícia à sementeira, tivemos a sorte de ter o terreno totalmente preparado. A responsável por deixar tudo absolutamente impecável foi a Eng.Marisa Moreira, que é quem gere as hortas urbanas entre outras coisas, e que também orientou a parte relativa à preparação do terreno. Chamo aqui a atenção para um pormenor muito importante, que é o de estarmos a realizar um cultivo em modo biológico. Para isto, a Marisa teve de adaptar o conhecimento técnico do cultivo do Linho, tanto no que diz respeito à preparação do terreno, como no combate a pragas e doenças, da agricultura convencional para a biológica, o que acrescentou mais uma camada de relevância a isto tudo.

É desafiante ter tanta gente a espalhar a semente, coisa que geralmente é realizada por uma pessoa e a que tiver a mão mais treinada para a coisa (a sementeira é feita a lanço, o que exige alguma prática para acertar com a densidade certa), mas não há outra forma de aprender a não ser pondo a mão na massa, por isso vamos esperar que as nossas plantinhas germinem e ver o que daqui sai. Coberta a semente e compactado o solo, colocamos a rede para pássaros e pronto.
Eu estou a visualizar já um Linhal um pouco esquizofrénico, mas óptimo para aprender!

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