Ripo (ao centro), sedeiros (lado direito, em cima e em baixo), espadelas (canto inferior esquerdo) e espadeladouros (canto superior esquerdo); / Flax ripple (center), hackles (right side), scutchers (lower left) and scutching boards (upper left);

Ripo (ao centro), sedeiros (lado direito, em cima e em baixo), espadelas (canto inferior esquerdo) e espadeladouros (canto superior esquerdo); / Flax ripple (center), hackles (right side), scutchers (lower left) and scutching boards (upper left);

Engenho do linho do Museu do Linho de Marrancos; / A typical portuguese water operated flax break in the Falx Museum in Marrancos;

Engenho do linho do Museu do Linho de Marrancos; / A typical portuguese water operated flax break in the Falx Museum in Marrancos;

Uma pequena estriga de linho que assedei no meu novo sedeiro velho; / a small flax strick that I hackled with my new old hackle;

Uma pequena estriga de linho que assedei no meu novo sedeiro velho; / a small flax strick that I hackled with my new old hackle;

 

Reunir ferramentas para trabalhar o linho na oficina e demonstração do próximo sábado, na Quinta de Serralves, não estava a ser fácil.
Queria encontrar bons ripos e sedeiros, utilizados originalmente no trabalho real do linho, não por nostalgia, mas porque não é possível encontrar ferramentas novas à venda e reproduzi-las com a mesma qualidade ia resultar num trabalho bem caro, com o trabalho em metal necessário. 
Não sinto qualquer nostalgia por tempos antigos quando olho para estas ferramentas, porque sei que não há nada de romântico em ter de espadelar à mão quilos e quilos de linho, a não ser para quem só conhece o penoso trabalho do linho de lindas fotografias a preto e branco e levantamentos etnográficos que incluem a palavra "tecnologia" de forma enganadora.
Mas, neste momento, sei que é a única forma de fazer o trabalho que temos de fazer e, acima de tudo, a única forma de retomar o caminho das produções de pequena escala que ficou um dia abandonado em prol da produção industrial. Estas ferramentas precisam de ser repensadas para uma pequena escala verdadeiramente produtiva.

Deste conjunto de ferramentas e ainda mais que não cabiam na foto, parte foi emprestada pelo Sr.Abílio que, com a sua colecção impressionante de artefactos relacionados com o linho conseguiu montar o Museu do Linho em Marrancos, outras tantas pelo Fernando Rei, e um exemplar de cada uma consegui comprar para adicionar ao meu espólio pessoal.

Para que a Quinta de Serralves seja totalmente auto-suficiente na produção de linho, falta resolver a questão do engenho do linho, que é utilizado para moer/partir o linho de forma a libertar a fibra que se encontra no interior do caule (segunda foto). Há poucos em funcionamento em Portugal, mas, para nossa sorte, os que ainda funcionam são todos cá no Norte e parte ainda está disponível para o trabalho. 
Sempre que olho para um engenho do linho, penso que esta máquina essencial já havia de ter evoluído para algo mais prático e ágil. Mas logo a seguir lembro-me que, para partir bem um linho como o Galego, curto e delicado, esta máquina, que parece rústica à primeira vista, está bem afinada e funciona na perfeição: parte muito bem os caules, mas não danifica as fibras. Talvez não seja tão simples redesenhá-la para funcionar com a mesma precisão numa versão mais portátil e mecânica, mas continuo a achar que tem de ser feito.

Se chegaram aqui e ainda acham que usar máquinas vem desvirtuar alguma coisa e que bonito é fazer tudo à mão "como antigamente", gostaria de lembrar que quem não tinha acesso a um engenho destes, tinha de partir o linho batendo-lhe com maços. Antes de inventarem o engenho, partir o linho era literalmente uma maçada!

Anterior
Anterior

Terminaram as oficinas da Primavera

Próximo
Próximo

COMO SE PRODUZ LINHO: Oficinas práticas e demonstrações na Quinta de Serralves