Ana Rita de Albuquerque: artista-escultura-inventora

A artista no seu habitat natural, rodeada de lã e objetos que não sabemos exactamente porque é que estão ali...

Sim, já conheço a Ana Rita há anos, já cá veio ensinar muitas e muitas vezes, mas só agora é que a fui visitar ao seu atelier! Na verdade, o Miguel é que a foi fotografar (por isso algumas destas imagens são dele), mas eu fui a reboque e também aproveitei para tirar algumas fotos (com a máquina dele).

Para quem acabou de aterrar aqui e não sabe de quem estou a falar, a Ana Rita de Albuquerque é uma artista que trabalha principalmente com Lã através da Feltragem, mas não só, como se pode ver por algumas peças que mostro ali em baixo. Encontrar um título para ela não é a coisa mais fácil, mas gosto particularmente de Escultora, que usa Lã como sua matéria-prima principal, e Inventora. Também é minha amiga.

Mais que um atelier (e eu já visitei muitos), o espaço dela parece a oficina de uma inventora, cheio de peças um bocado estranhas, mas todas criadas com um propósito qualquer: testes, protótipos, amostras de técnicas, restos de materiais, adereços, peças para inspiração, materiais de todo o tipo. Cabeças de touro, ovelhas flutuantes, capacetes de transmissão de pensamento, pistolas fumegantes de lã, comida realista feita de feltro. A lista nunca mais acaba.

O trabalho dela toca em muitas áreas e isso é uma das coisas que o torna excepcional, mas sei que ela tem um especial carinho pela Lã. Foi com ela que aprendi o que sei sobre Feltragem (já escrevemos o manual dos Princípios de Feltragem juntas!!) e a técnica incrível que é.
Foi com ela também que percebi que a Feltragem e o seu potencial escultórico e criativo passam geralmente abaixo do radar artístico
A Feltragem parece uma técnica simples porque, na verdade, basta um pouco de água quente e sabão para se criar algo e, por isso, pululam por aí exemplos de trabalhos que têm dado uma fama menos interessante à técnica.
Acontece que também é uma das técnicas que penso serem mais difíceis de dominar completamente e há muito pouca gente que saiba efetivamente o que está a fazer quando estão a feltrar e que feltrem intencionalmente.
Confiem em mim: é preciso muito domínio para obrigar a Lã a fazer o que vocês querem e não o que ela quer.

Como já a conheço há alguns anos, tive o privilégio de ver o trabalho dela crescer e evoluir.
As peças pequenas dela ficam cada vez mais complexas e minuciosas. As peças grandes ficam cada vez mais impactantes. Todas dão acesso a um mundo diferente e não é de estranhar que o trabalho dela tenha um grande potencial para tudo o que é figurinismo.

Combinar um material considerado tão “tradicional” como a Lã com electrónica é imagem de marca do trabalho da Ana Rita;

Escultora de Lã: esta máscara foi feita com nada mais que Lã;

O útero em lã feltrada que a Ana Rita esculpiu para o Círculo Perfeito, para ser usado para fins pedagógicos (e estéticos também, diria eu).

Não sei como é que se faz isto com Lã, mas aqui têm.

Convencer a Lã a fazer coisas inesperadas é a especialidade dela.

Algumas peças dela estão tecnologicamente muito à frente. Por exemplo esta que faz transmissão de pensamento. Funciona mesmo!

As peças mais simples são, muitas vezes as mais impressionantes. Este é um velo feltrado inteiro, mantendo o aspecto original, acabado de tosquiar.

Criar figurinos para Teatro têm sido dos trabalhos que mais puxam pela criatividade e pelo potencial da Lã para criar, esculpir e comunicar.

Criar figurinos para Teatro têm sido dos trabalhos que mais puxam pela criatividade e pelo potencial da Lã para criar, esculpir e comunicar.

Vamos continuar a colaborar de forma próxima e cada vez mais intensa, a ensinar sobre Feltragem e Lã, por isso fiquem atentos.

Podem ver mais do trabalho dela no instagram do VolumeAtelier e, muito brevemente, num site desenhado pelo Ofício que irá albergar e mostrar melhor ao mundo o seu incrível trabalho.