Visitar Os Casares e o Espacio Vilaseco
“Os Casares é un espazo polivalente, cultural e social que agroma entre os carballos nunha antiga granxa de vacas, situada na aldea de San Cristovo de Mouricios. Promove o encontro e o coñecemento desde a proximodade e a relación directa coas persoas e co territorio, e a través da inmersión no medio rural para “cultivar-nos”. Exponse como un proxecto relacional de vasos comunicantes e de conexións, que poñen en contacto a persoas diferentes con intereses comúns para ser, pensar, reflexionar, imaxinar, debater, intercambiar, crear e experimentar.”
Estávamos nos últimos dias do Verão, que em partes do Noroeste da Península já sabem a Outono, quando finalmente visitámos Os Casares, um espaço incrível na Ribeira Sacra, no coração da vizinha Galiza.
O projeto dos Casares foi idealizado pela Lola Fernandez, a proprietária daquela que foi a quinta de produção de gado da sua família e agora é um importante centro artístico e cultural com um grande foco comunitário e que procura encontrar equilíbrios entre o rural e o urbano, a arte, o craft e a agroecologia, temas que também são centrais ao que nós fazemos aqui no Saber Fazer e na Barbot Bernardo.
Atualmente o espaço conta com diferentes edifícios dedicados às arte visuais e também ao craft, sendo um espaço de criação, educação e investigação que inclui alojamento para artistas em residência ou participantes nos diferentes eventos, espaços comuns, oficinas e salas de trabalho. Uma parte considerável é ocupada pela sua sobrinha Miriam e o espaço de produção da sua Galeria Vilaseco, que tem sede na Corunha e que também é responsável por uma extensa programação a ocorrer em Os Casares. A Miriam é uma figura incontornável na cena artística galega, uma história que já vem de trás e que foi iniciada pela sua mãe, a galerista e colecionadora Ana Vilaseco.
Esta visita estava prometida há muito. O convite chegou-nos pelas mãos da tripla Lola, Alicia Comenge Segard (a outra metade deste poderoso duo por trás de Os Casares) e Miriam. O objetivo da visita, para além de nos conhecermos pessoalmente e nós conhecermos o espaço, de aprofundar algumas ideias, que tínhamos vindo a discutir remotamente, relacionadas com a produção e processamento do Linho, mas também outras, relacionadas com projetos educativos em diferentes áreas têxteis.
O primeiro contacto que tivemos surgiu na sequência do nosso projeto GatewayCrafts e do nosso Curso do Linho, onde a equipa galega travou conhecimento com o Saber Fazer e com o conhecimento técnico na produção e transformação desta fibra em pequena escala.
Depois de uma primeira conversa online, foram identificadas algumas necessidades às quais poderíamos responder de imediato, como algum apoio técnico no terreno, ou o acesso a maquinaria como um engenho do Linho ou a nossa espadeladora. O Jorge Pinheiro, nosso colaborador e, porque não, embaixador do Saber Fazer na Galiza, tem estado desde essa altura ativo nas atividades que tem ocorrido em Os Casares, sendo já presença habitual na quinta.
A nossa visita aconteceu na reta final do Fibranzas, um projeto que exemplifica o tipo de coisas que acontecem por lá e que surge de uma cooperação estreita entre Os Casares e a Galeria Vilaseco, e que tem como objeto a investigação e o desenvolvimento de projetos comunitários de caráter ecossocial, baseados na produção sustentável de fibras naturais. O programa começou com o planeamento e o arranque da produção de vime. Nesta plantação foram exploradas técnicas agroecológicas como a permacultura ou a agricultura regenerativa. Estes métodos pretendem revitalizar o solo, a biodiversidade e as comunidades rurais através de práticas naturais tradicionais que conduzem a uma menor dependência de recursos externos.
No espaço de galeria está atualmente patente o resultado da oficina “Arte Contemporáneo y Fibras”, orientada pela artista Sonia Navarro e a criadora Idoia Cuesta, uma regular nos projetos do espaço.
Ao longo da visita, tivemos também oportunidade de ver o resultado da investigação que levou ao desenvolvimento de papel produzido a partir do linho.
Por esta altura, está também a arrancar uma oficina dedicada ao linho, com o apoio da Fundação Artesanía de Galicia, que contará com o apoio do nosso Jorge.
Para além de áreas de cultivo experimental, a quinta tem ainda produção hortícola própria, abastecendo a cozinha e as residências do espaço.
Jorge, Miriam (Galeria Vilaseco) e a Alice
O espaço de produção e exposição da Galeria Vilaseco, localizado nos Casares
O Linho galego cultivado em 2025 pelo Jorge nos Casares
O engenho do Linho português, ao serviço do linho cultivado nos Casares pelo Jorge
Anúncio do projeto “Fibranzas”
A Lola e a Miriam na horta biológica dos Casares
O campo experimental de produção de vime dos Casares